quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quarto de despejo


Eu encontrei um livro incrível num sebo na Rua da Lama por dois reais. Mas não é assim, "ah, comprei um livro usado, velho, com folhas amarelas por dois reais".
Foi assim ó, eu estando em São Paulo por um tempo, peguei a revista de programação geral do SESC e como sempre sou fissurada por palavras...sempre pego mais de uma,pra dar pra alguém ou até mesmo pra ler todas as revistas como se fosse a primeira,juro... então decidi trazer pra cá, pra ler durante a viagem, mas não rolou, acabei dormindo mesmo...mas por algum momento acabei pegando a revista pra ler, além da programação que já tinha lido e rabiscado, tinha a matéria dentre outras, de um cenógrafo, professor da USP e fui lendo lendo lendo, (só não me lembro o nome do cara, sou ruim de gravar tudo assim na minha memória de poucas gigas)e pronto, ele falou de um livro, citou o nome e falou da adaptação que fez pro teatro e que depois o livro virou um filme e contou alguma coisa pouca sobre o enredo da história, o que se passava. Eu tava no busão cara, desci e pronto, fiquei pensando, normal. Mas aquele livro era diferente, eu não sei...
(...)e era mesmo, porque ele além de me deixar curiosa e me perseguir, ele se jogou na minha frente pra que eu pudesse levá-lo pro resto da minha vida.


esse foi o danado que se jogou pra mim! tem outras com desenho,mas esse...

Quarto de despejo é o diário de Ana Carolina de Jesus,moradora da favela Canindé que fica nas margens do rio (valão) tietê. Ele se passa em 1955, e conta uma história de vida real onde ela fala que a cidade é a sala de estar e a favela o quarto de despejo onde nada do que "serve" pra sociedade está lá. É incrível a forma de Ana Carolina falar é simples e ao mesmo tempo atenta e estudiosa nas palavras, fala de juscelino,dos vizinhos barraqueiros e pinguços, de como a favela é uma desordem por si só, e do quanto gostaria de dar sapatos, comida e casa de alvenaria aos seus filhos, mas longe dali, longe do quarto de despejo.
E isso só me faz achar que a força cultural e artística é a periferia e da periferia. A produção elitizada só reproduz,reproduz,reproduz pra quem pode consumir a mesma coisa de cor diferente. (...) tô com preguiça de digitar!

Boa noite, amanhã é dia de editar, ver roteiro e mil coisas.

Ah,hoje cheguei morta de cansada,o seminário foi bem bacana. Amanhã ou depois posto tudo.Inclusive a matérinha sobre a Claha Averbuck, a saga da gaúcha vaiada, é porque acho que deveria mesmo escrever algumas coisas a mais e não só jogar o assunto. Isso me deixa com mais sono.

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